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Vice do Conselho Cultural quer descentralizar recursos e ouvir as periferias

Recém-empossado como vice-presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Cuiabá, Vicente de Albuquerque Maranhão quer usar sua experiência na cena cultural alternativa para fortalecer a cultura de base e ampliar o acesso às políticas públicas. Entre as prioridades da nova gestão estão a descentralização de recursos, a criação de espaços de escuta ativa e a atualização do marco jurídico municipal para viabilizar a execução da Política Nacional Aldir Blanc.

“Assumir a vice-presidência representa, para mim, a possibilidade concreta de transformar a experiência acumulada na militância cultural em ação institucional”, afirma Vicente. “É uma oportunidade de contribuir com um olhar vindo das margens para dentro das estruturas de decisão.”

O primeiro ano de mandato será focado em três frentes: revisão da legislação cultural, com atenção especial à nova Política Nacional Aldir Blanc; ampliação do acesso aos recursos e editais por coletivos das periferias; e a criação de espaços permanentes de escuta com produtores, artistas e agentes culturais de diferentes territórios.

Com uma trajetória ligada à resistência cultural e à produção independente, Vicente defende a valorização das culturas urbanas e do underground como potências contemporâneas. “Aprendi a criar do zero, a lidar com a ausência de apoio e a conectar realidades diferentes por meio da arte”, diz. “Quero construir pontes entre a burocracia institucional e os fazeres culturais que nascem da necessidade e da criatividade coletiva.”

Ele avalia que a legislação municipal precisa ser atualizada com urgência para garantir a aplicação eficiente da Aldir Blanc. “É necessário criar instrumentos ágeis de repasse, garantir transparência nos critérios de seleção e fomentar ações culturais continuadas, não só pontuais”, explica. “Além disso, precisamos reconhecer os coletivos como agentes legítimos dessa cadeia produtiva.”

Segundo Vicente, a burocracia é hoje uma das principais barreiras para que a política cultural chegue às periferias. “Falta capacitação técnica, acesso à informação e políticas que dialoguem com a realidade de quem produz cultura fora do centro. E a ausência de infraestrutura cultural limita o protagonismo desses territórios.”

Para enfrentar esses entraves, o Conselho deve atuar como ponte entre sociedade civil e poder público. Entre as propostas estão a realização de audiências itinerantes nos bairros, programas de formação para elaboração de projetos e uma comunicação mais acessível sobre os editais culturais. “A linguagem precisa ser clara, e o apoio técnico tem que chegar a quem está começando”, afirma.

Outro foco da gestão é a juventude. O vice-presidente pretende lançar programas de mentoria voltados a jovens das periferias, com formação em gestão cultural, produção executiva e elaboração de projetos. “A cultura alternativa pulsa nas juventudes, e precisamos garantir que ela seja reconhecida, apoiada e fortalecida pelo poder público.” Mesmo diante dos desafios, Vicente vê com otimismo o futuro das culturas urbanas em Cuiabá. “A juventude tem se mobilizado, os coletivos estão mais articulados e há um reconhecimento crescente das expressões culturais urbanas”, afirma. “Com políticas públicas inclusivas e acesso real aos recursos, Cuiabá pode se tornar um polo vibrante, plural e potente dessas culturas.”

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