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Resenha Thunderbolts*: a dor invisível e a força de permanecer juntos

“Thunderbolts*” talvez seja o filme mais inesperado do Universo Cinematográfico da Marvel. Desde o seu anúncio, cercado por olhares desconfiados e expectativas baixas, a obra parecia fadada a ser apenas mais uma aventura genérica sobre anti-heróis desajustados. Mas o que poucos previam é que, por trás de uniformes táticos e frases de efeito, se esconderia uma das histórias mais humanas já contadas pelo estúdio.

Este não é um filme sobre grandes batalhas ou vilões intergalácticos. É um filme sobre a solidão. Sobre como, mesmo cercados por pessoas, podemos estar mergulhados em um vazio interno que ninguém vê. É sobre depressão, manipulação, crises existenciais — e, principalmente, sobre como o afeto e a presença dos outros podem nos salvar quando nem nós mesmos acreditamos que há salvação.

A protagonista emocional da trama é Yelena Belova, que desde a morte da irmã vive no piloto automático, pulando de missão em missão sem realmente viver. Ao seu redor, um grupo improvável se forma: Fantasma, John Walker, Red Guardian, Soldado Invernal e, no centro de tudo, Robert Reynolds, também chamado de Bob, uma figura carismática, frágil e poderosa — um experimento do Projeto Sentinela que simboliza o conflito entre o desejo de ser aceito e o medo de ser usado.

Bob é o coração do filme. Ele representa todos nós em nossos momentos mais escuros. Engraçado por fora, desmoronando por dentro, ele acaba sendo manipulado por Valentina Allegra de Fontaine, que tenta transformá-lo em uma arma, um “cão de guarda” disfarçado de herói. Quando descartado, Bob mergulha ainda mais fundo em sua dor, e sua depressão se manifesta literalmente — como um vazio que toma forma e ameaça engolir tudo ao redor.

Mas é aí que “Thunderbolts” vira algo além de um filme de super-herói. Quando tudo parece perdido, os membros da equipe — todos igualmente quebrados, desacreditados e imperfeitos — decidem ficar. Eles não fogem do Bob. Eles não o combatem. Eles entram no vazio com ele.

O ponto de virada não vem com um soco bem dado, mas com um abraço coletivo. Um gesto simples, mas poderoso. Yelena — que antes acreditava que a solução era enterrar a dor — percebe que o verdadeiro caminho é estar junto, mesmo quando o outro está perdido em si. E todos seguem seu exemplo. Porque às vezes, a única coisa que impede alguém de se perder para sempre é saber que tem com quem contar.

“Thunderbolts*” é sobre isso: acolhimento. Sobre pessoas quebradas que, ao invés de tentarem consertar umas às outras, decidem permanecer. Sobre enxergar o outro, mesmo quando ele não consegue se enxergar. Sobre entender que ninguém é forte o tempo todo — e que tudo bem precisar de ajuda.

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